O Programa de Combate aos Efeitos da Seca no Sul de Angola, abreviadamente PCESSA, criado pelo Executivo, para fazer face aos constrangimentos provocados por este fenómeno natural na vida das populações destas zonas, está virado, por enquanto, para as províncias do Cunene, Namibe e Huíla, informou o ministro da Energia e Águas, João Baptista Borges.
Este programa, gizado pelo Executivo angolano, deu início a um conjunto de soluções estruturantes que se propõem a mudar, para sempre, a vida das populações residentes nessas províncias, há muito assoladas pelos efeitos da seca. Um dos grandes objectivos do PCESSA, que está a ser seguido de perto pelo Presidente da República, João Lourenço, passa por criar, naquelas províncias do Sul do país, as condições para o desenvolvimento regional, de modo a que todo o povo angolano possa colher os frutos deste enorme esforço colectivo.
Cunene é a primeira província a experimentar os resultados do programa, com a entrada em funcionamento, em Abril deste ano, do sistema de transferência de água a partir do rio Cunene, na povoação do Cafu, para as zonas de Ombala Yo Mungu, Namacunde e Ndombondola.
Inaugurado pelo Presidente João Lourenço, esta infra-estrutura, orçada em cerca de 136 milhões de dólares, melhorou, significativamente, a vida da população local, que sofria na pele os efeitos da seca, tal como contou, a imprensa , o director-geral do Instituto Nacional de Recursos Hídricos, Manuel Quintino.
"Antes, quando houvesse seca, registava-se um grande sofrimento das populações, que se viam impedidas de desenvolver actividades agrícolas e de dar de beber o gado”, ressaltou o responsável.
Manuel Quintino lembrou que a falta de água naquelas regiões levava os criadores de gado e não só a percorrerem longas distâncias, durante a transumância, à procura do líquido para o abeberamento do gado.
"Hoje, é notória a satisfação no rosto das populações, por já terem água próxima às residências”, frisou.
O projecto está a beneficiar 235 mil pessoas, 250 mil cabeças de gado, uma área aproximada de 5 mil hectares para a prática da agricultura irrigada e gerou 3.275 postos directos de trabalho.
O ministro da Energia e Águas disse que, além deste projecto, a província do Cunene beneficiou, igualmente, de outros de grande vulto, também virados para o combate aos efeitos da seca, que se encontram, neste momento, em curso.
João Baptista Borges, que falava à Rádio Nacional de Angola, assegurou que, com estes projectos finalizados, incluindo o Canal do Cafu, o Cunene vai ficar com uma situação do ponto de vista de garantia de água, em período seco, que vai permitir à população ter água para beber, abeberar o gado e praticar a agricultura.
"Ou seja, não prevemos a possibilidade de ocorrerem situações como a que, durante décadas, foram ciclicamente ocorrendo no Cunene”, frisou. Para a província da Huíla, o ministro da Energia e Águas disse estarem garantidas, no âmbito do programa de Combate aos Efeitos da Seca no Sul de Angola, três grandes barragens, nomeadamente, da Arimba, na zona do Lubango, da Onampulo e outra da Embala do Rei, na zona dos Gambos.
O governante disse que estas barragens vão estar localizadas na bacia do rio Caculuvale, permitindo armazenar água durante o período das chuvas, bem como disponibilizá-la para a zona do Lubango. Esta cidade vive ciclicamente o problema de abastecimento, dado o facto de a água que aí corre ser subterrânea.
"Quando deixa de chover, deixa de haver água nos aquíferos e a população é afectada por isso”, referiu o ministro, acrescentando que essas represas vão ajudar a que se tenha água permanentemente.
Para a província do Namibe, o ministro da Energia e Águas disse que a solução, para o problema da seca, vai passar pela construção de seis grandes barragens e pela reabilitação de cerca de 41 represas que existiam no tempo colonial, mas que deixaram de exercer o seu papel, por falta de manutenção.
"Vamos reabilitar essas 41 represas e construir outras seis grandes barragens, que vão ter, naturalmente, para além do armazenamento de água, os sistemas de purificação da água, para que as pessoas possam consumi-la”, salientou. João Baptista Borges rematou dizendo que a iniciativa vai ter, ainda, o sistema de canalização da água para aquelas zonas onde há, de facto, maiores aglomerados populacionais.