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MALANGE ARRANCA COLHEITA DE ALGODÃO EM CUNDA-DIA-BASE

  15 Aug 2022

MALANGE ARRANCA COLHEITA DE ALGODÃO EM CUNDA-DIA-BASE

A primeira colheita de algodão em Cunda-dia-Base, Malanje, no âmbito do relançamento daquele produto, na Baixa de Cassanje, arrancou na última sexta-feira, naquela localidade, 37 anos depois da interrupção, com a expectativa da obtenção de 100 toneladas.

Na operação inicial de cultivo, estiveram envolvidos 50 famílias e uma plantação de 50 hectares, com a perspectiva de obtenção de duas toneladas por hectare, de acordo com informações prestadas à nossa reportagem pelo director do Gabinete Provincial da Agricultura e Pescas.

Carlos Chipoia informou que a empresa de Investimentos e Participações (IEP) vai pagar o algodão, algo que vai motivar as famílias que participaram nesse primeiro momento, levando as restantes a participar no próximo ano agrícola.

O relançamento do cultivo do algodão na região histórica da Baixa de Cassanje é apontado como fundamental para a diversificação produtiva de Angola, com a participação activa de toda a cadeia do sector têxtil, gerando valor por meio da inovação e transmissão de conhecimentos, bem como a obtenção de oportunidades de negócio no mercado africano.

No próximo ano agrícola, disse, vão ser incorporadas 300 famílias, numa média de dois hectares por família.

A IEP recebeu, através de um representante que esteve na cerimónia da abertura da colheita, o aval que lhe permite trabalhar, já no próximo ano agrícola, uma área de seis mil hectares.

"Estamos a fazer história”

O vice-governador de Malanje para o Sector Político, Económico e Social, Domingos Eduardo, lembrou que o relançamento da produção de algodão, 37 anos depois, vem solucionar muitos problemas da população local.

"Há mais de 30 anos que nós não víamos algodão aqui na Baixa de Cassanje e, em particular, aqui no município de Cunda-dia-Base. Estamos a fazer história hoje aqui neste município”, disse.

Ao realçar a importância da produção do algodão na região, Domingos Eduardo considerou que vai permitir a produção de tecidos para o sector das confecções, com o vestuário produzido a ser vendido à população, "mas, também, quando produzirmos em grande escala, vamos poder exportar, vamos poder vender para os outros países e vamos poder obter divisas para potenciar e fortalecer a nossa economia”, completou.

"Um passo importante”

O representante da empresa Investimentos e Participações (IEP), Jorge Humberto Amaral, considerou a colheita um passo importante, pois marca o início de um desafio que vai permitir a concretização de um sonho do passado.

Defendeu a necessidade de outros camponeses juntarem-se à iniciativa, que conta com o apoio das autoridades angolanas. "O algodão é criador de riqueza, combate a pobreza e é criador de trabalho. Há uma fábrica muito grande, em Luanda, que depende desse algodão. Vai, por conseguinte, criar milhares de postos de trabalho com a abertura de fábricas de confecção em todo o país”, referiu.

Satisfeitos com a retoma

Soba Kunda lembrou à nossa reportagem o passado que marcou a produção de algodão no município do Cunda-dia Base e que o massacre da Baixa de Cassange teve ligação ao algodão, tudo porque os camponeses reivindicaram o aumento de preços.

Em resposta, o exército português disparou indiscriminadamente contra milhares de populares, na região do Teca-dia-Quinda, no município do Quela. Hoje, a realidade é outra, até porque foi o regedor Cunda que deu o grito de vitória e lançou o desafio aos demais camponeses:

"Vamos com todas as forças voltar a abraçar esse desafio. Queremos, com essa iniciativa do Governo, honrar os heróis da Baixa de Cassanje, aqueles que se bateram pela melhoria das condições de vida da população”, disse.

Mateus Alberto, de 53 anos de idade, um agricultor que dispõe de um hectare ao abrigo desse projecto, disse que vai abandonar o garimpo para se dedicar à produção de algodão, com o que espera resolver os problemas do quotidiano.

Aconselha os jovens envolvidos em más práticas a optarem pela produção de algodão, pois, disse, essa é uma maneira de gerar rendimentos.

O ancião Mateus Nhanga, de 85 anos de idade, veio da sua aldeia para reviver o momento. "Lembro-me, como hoje, a produção que obtínhamos no passado. Rebusco o passado e vejo aqui os meus amigos, muitos dos quais mortos pelo colonialismo português, mas, nós que sobrevivemos, vamos saber homenageá-los, demonstrando trabalho. Se na Lunda, a riqueza é o diamante, para nós, essa é a nossa verdadeira riqueza”, afirmou.

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