O Projecto de Desenvolvimento da Agricultura Comercial (PDAC) viabilizou, entre 2021 e 2022, o financiamento de 11 programas de negócios avaliados em 605.299.081 kwanzas (1,2 milhões de dólares), na província de Malanje, disse a imprensa o director do Gabinete da Agricultura, Pecuária e Pescas daquela província.
Carlos Chipoia indicou que os financiamentos destinaram-se ao aumento dos índices de produção de milho, feijão, soja, mandioca, batata-doce e rena, bem como da actividade pecuária, no quadro do plano estratégico do Executivo para assegurar auto-suficiência alimentar no país.
Além dos 11 projectos já financiados, 16 aprovados aguardam por financiamento e 20 estão em fase de análise para a beneficiarem de fundos ao abrigo do PDAC.
De acordo com Carlos Chipoia, o apoio financeiro do projecto de desenvolvimento da agricultura comercial, financiado pelo Banco Mundial (BM) e Agência Francesa de Desenvolvimento (AFD), está a ajudar os agricultores seleccionados a aumentarem os seus índices de produção.
"Este projecto veio reforçar a base de produção das pequenas e médias fazendas da província de Malanje. Os agricultores encontram dificuldades em obter financiamentos para alavancar a produção mas, hoje, com o apoio do PDAC, temos vindo a registar a qualidade de sementeira. No passado, essas unidades não tinham possibilidades de produzir 20 ou 30 hectares de milho e feijão. Com esta ajuda financeira, notamos que as pequenas e médias unidades elevaram o plantio acima dos 50 hectares, o que é satisfatório para assegurarmos auto-suficiência alimentar”, disse o director do Gabinete da Agricultura, Pecuária e Pescas de Malanje.
Escoamento da produção
Carlos Chipoia Lembrou que o PDAC prevê o melhoramento das infra-estruturas agrícolas e vias de acesso, para assegurar o escoamento da produção para os centros de comercialização.
"O projecto prevê o melhoramento das infra-estruturas e a maior parte dos projectos em financiamento e os que vão ser financiados estão numa zona privilegiada que permite o acesso e escoamento fácil da produção para os centros de consumo. Este programa prevê também a instalação de energia nas pequenas e médias fazendas, mas para que isso aconteça, é necessário fazer-se um estudo para o abastecimento de energia a essas localidades com o apoio do Ministério de Energia e Águas”, referiu.
39 desembolsos
De acordo com notícia da sexta-feira, publicada pelo Jornal de Angola, com base em informações do Ministério da Agricultura e Florestas, o PDAC permitiu, depois do início da implementação, em 2019, financiamentos totais de 230 milhões de dólares, a favor de 172 planos de negócios.
Trinta e nove planos foram efectivamente financiados e 57 aprovados, de acordo com as informações do Ministério da Agricultura e Florestas que também dizem que, numa primeira fase, o projecto está a ser implementado nas províncias do Bié, Cuanza-Norte, Cuanza-Sul, Huambo, Huíla e Malanje.
O projecto possui duas janelas de crédito, com uma primeira a contemplar financiamentos de 125 mil euros e, a segunda, até 850 mil euros, equivalente a 450 milhões de kwanzas.
O projecto é supervisionado pelo Ministério da Agricultura e Florestas, sendo intermediado por bancos comerciais como o de Fomento Angola (BFA), Angolano de Investimento (BAI) e Sol, na concessão de créditos para os produtores conseguirem alcançar as metas preconizadas.
Beneficiários empregam os fundos obtidos no aumento do desempenho
A fazenda Sorriso Alegre, localizada no município de Cacuso, beneficiou, no ano passado, de 137 milhões de kwanzas para a produção de milho e feijão, numa área de 98 hectares.
Segundo o proprietário, Noé Gomes, o valor recebido do PDAC destina-se ao fomento da produção de milho e feijão, para uma colheita de 400 toneladas, em Março de 2023.
No próximo ano, disse, a fazenda Sorriso Alegre prevê aumentar a área de plantio de feijão em 50 hectares. "O PDAC deu-nos o oxigénio que faltava às pequenas e médias fazendas. Por isso, não devemos desperdiçar este tipo de oportunidade. O financiamento permitiu à nossa fazenda crescer e empregar muitos jovens de várias regiões da província de Malanje”, afirmou, referindo que, com o financiamento do PDAC, a sua unidade adquiriu um tractor e novas alfaias agrícolas.
Antes de beneficiar do financiamento do PDAC, a fazenda Sorriso Alegre não conseguia atingir um plantio de 30 e 40 hectares de mandioca.
O agrónomo António Neves Canje, proprietário da fazenda agro-pecuário Neves Canje e Filhos, que beneficiou de 23 milhões de kwanzas, espera atingir, até ao final do próximo ano, uma colheita de 80 toneladas de milho e 30 de feijão.
Com um total de 750 hectares, a fazenda Neves Canje e Filhos já cultivou 40 hectares de milho e um hectare de feijão. "Pela minha experiência, não é aconselhável produzir feijão na primeira época agrícola, porque, depois, temos dificuldades em fazer a colheita. O plantio de feijão dá resultados satisfatórios, na segunda época, ou seja, no período seco, entre Maio e Junho. Mesmo os 40 hectares de milho, se não houver condições de colher durante o mês de Maio vão estragar-se com a chuva”, alertou.
Com o financiamento do PDAC a fazenda adquiriu alfaias agrícolas, semeadores, e charruas. "Estamos a pensar em produzir soja, apesar de não ser uma cultura agrícola da província de Malanje. Felizmente, temos mercado para vender os nossos produtos, aliás, a empresa Carrinho está disponível para comprar toda produção de milho.
A fazenda Jomal, que beneficiou de 92 milhões de kwanzas, está a aplicar o valor na produção de 50 hectares de milho e 30 hectares de feijão, com a previsão de colher 350 toneladas de milho e 240 de feijão. Para Virgílio Chindembo, representante da fazenda Jomal, com o financiamento, a sua unidade agrícola vai aumentar, na segunda época, a produção para 100 hectares de feijão, com o objectivo de dinamizar o negócio.
"O financiamento serviu não só para alavancar a produção, mas, também, para outras necessidades da fazenda de âmbito social, como o aumento do número de trabalhadores e na aquisição de equipamentos agrícolas, como um pulverizador, semeadora de seis linhas e dois tractores. Estamos a trabalhar com o tempo para podermos tirar proveito das quedas pluviométricas”, disse.
Referiu que, no âmbito do PDAC a fazenda projecta produzir soja numa área de cinco hectares, a partir da segunda época, apesar de o programa focar-se mais no fomento de milho e feijão. "A soja está na fase de estudo, mas como é a nossa primeira vez, neste momento, estamos a priorizar o milho e feijão”, disse o proprietário da Jomal ao falar sobre as perspectivas geradas pelo crédito.