O Memorial em homenagem às Vítimas dos Conflitos Políticos, em construção na parte lateral do Memorial Dr. António Agostinho Neto, na Nova Marginal, em Luanda, cujas obras de execução física rondam os 30 por cento, deverá ser inaugurado no final deste
A informação foi avançada, nesta quinta-feira, à imprensa, pelo ministro da Justiça e dos Direitos Humanos e coordenador da Comissão de Reconciliação em Memória das Vítimas dos Conflitos Políticos (CIVICOP), Marcy Lopes, no final da primeira reunião de balanço e projecção das actividades deste ano da Instituição.
Denominada “Aliança Eterna”, a principal estrutura do futuro Memorial às Vítimas dos Conflitos Políticos, com 35 metros de altura e nove pisos, vai dispor de dois blocos articulados entre si, cujas características parecem um abraço como símbolo de pedido de perdão, entre outros compartimentos.
Além disso, o espaço do Memorial vai, também, albergar um edifício técnico, uma loja de recordações, um espaço de acervo digital, uma sala de convenções e de exposições, bem como um parque de estacionamento para 106 viaturas e uma praça para visitas com componente paisagística atractiva.
Ossadas de “Bock”, “Antero” e “Assobio da Bala” entregues hoje
O ministro confirmou, igualmente, que as ossadas dos generais Altino Sapalalo “Bock”, Antero Morais Vieira “Antero” e Constantino Ndala “Assobio da Bala”, que foram mortos no âmbito dos conflitos políticos no país , serão entregues, hoje, às respectivas famílias ,para a realização das homenagens e das exéquias.
As ossadas dos generais, que pertenciam às extintas FALA, braço armado da UNITA, foram localizadas nas matas da região do Tchandji, província do Bié. Entretanto, “Bock”, “Antero” e "Assobio da Bala" terão cerimónia com honras militares ,por terem sido admitidos nas Forças Armadas Angolanas (FAA) em 1998, através da Ordem de 31 de Janeiro do mesmo ano.
Segundo dados avançados pela CIVICOP, dos trabalhos realizados em oito províncias , de 2021 até à presente data, já foram exumados restos mortais de 316 vítimas, numa altura em que cerca de 500 famílias reclamam por ossadas dos seus entes queridos.
A Comissão de Reconciliação em Memória das Vítimas dos Conflitos Políticos contabiliza na sua base de dados um registo de 12.399 vítimas de conflitos políticos de 1975 a 2002. Desde 2021 até ao momento, já foram emitidos cerca de 3.248 certidões de óbito.
Na ocasião, o coordenador da Comissão para Implementação do Plano de Reconciliação em Memória das Vítimas dos Conflitos Políticos (CIVICOP), Marcy Lopes, encorajou os membros a continuarem a cumprir "o seu papel em prol de uma nação unida, coesa, serena e próspera".
Sublinhou mais adiante que esta missão "é difícil, complexa e sensível por natureza. Este trabalho tem-se tornado ainda mais difícil quando todos quantos nos poderiam ajudar a encontrar os lugares de sepultamento das vítimas de uma forma mais facilitada, infelizmente, assim não o fazem".
"Somos um país forjado na adversidade e isso nunca nos impediu de sermos bem-sucedidos em nossas missões, e não tem sido e não será diferente com esta actividade", recordou. Marcy Lopes felicitou e incentivou todos quantos têm trabalhado incansável e incessantemente para que as famílias consigam obter o tão almejado sossego de alma.
“A projecção para este ano continua a ser o de encontrar o máximo de lugares de sepultamento e possíveis pessoas que foram enterradas, identificando as famílias com ajuda das populações destas localidades, para que, em seguida, se façam os testes de identidade”, reforçou.
A CIVICOP, criada por Decreto Presidencial em Abril de 2019, tem por missão elaborar um plano geral de homenagem às vítimas dos conflitos políticos ocorridos em Angola no período de 11 de Novembro de 1975 a 14 de Abril de 2002.