O peso da dívida do país em relação ao Produto Interno Bruto (PIB) está numa clara trajectória de descida, fixa ndo-se nos 74,8 por cento, este ano, contra os 126,9 por cento da actualização efectuada em Setembro de 2020.
A Agência de Notação do Risco Financeiro "Fitch Ratings", que este sábado divulgou o relatório sobre a economia angolana, escreve na página de Internet que Angola deverá, em 2023, ver a dívida baixar mais para 73 por cento, depois de ter estado em 78,5 por cento no final de 2021.
Estas conquistas abrem excelentes perspectivas para atingir-se os recomendados 68 por cento de dívida em relação ao Produto Interno Bruto, um indicador de maior confiança aos investidores internacionais e capaz de trazer mais investimento externo.
Conforme consultado nas páginas da Unidade de Gestão da Dívida (UGD), organismo afecto ao Ministério das Finanças, até Junho do ano passado, a Dívida Governamental Directa era de 41,9 biliões de Kwanzas. Deste valor, 12,1 biliões estimaram-se como dívida interna, 29,7 biliões como dívida externa e 230 mil milhões de kwanzas são dívida indirecta, através de garantias cedidas.
Naquela ocasião, o peso em relação ao PIB era de cerca de 100 por cento. O que quer dizer, segundo cálculos da redacção, que o país terá desembolsado, desde a actualização de Setembro de 2020 até final de 2021, a favor da dívida, cerca de 9, 01 biliões de kwanzas.
O Boletim da Unidade de Gestão de Dívida, referente ao segundo trimestre, avança que o Banco de Fomento Angola (BFA), com 2,6 biliões de kwanzas, era o que mais tinha emprestado ao Governo, internamente, seguido do BAI com 1,8 biliões.
Para o economista Elizeu Vunge, num artigo que escreve para o semanário Economia & Finanças, da Edições Novembro E.P, que também publica o Jornal de Angola e mais outros 10 títulos, de uma maneira geral, países com uma dívida muito grande em relação ao PIB, com taxas de juro altas e com um quadro político e financeiro instável estão na classificação de grau especulativo.
Por conta de todos esses cenários, explica o docente e consultor económico, as empresas e governos procuram apresentar quadros económicos mais estáveis e controlados para receberem um rating positivo (leia mais sobre este assunto e seu impacto no próximo número do Jornal Economia & Finanças).
"Porque dessa forma eles podem receber mais investimentos e emitir mais dívidas mais baratas", afirma. Na proposta de OGE 2022, o Governo direcciona cerca de 60 por cento para a dívida, aproximadamente 11,2 biliões de kwanzas.
O valor reporta a dívida interna e externa, um mecanismo adoptado pelo Governo para reaquecer a economia e gerar novos investimentos.