A fronteira terrestre entre Angola e a Namíbia, encerrada em Março de 2020, por força da pandemia da Covid-19, foi, ontem, reaberta oficialmente, no posto fronteiriço de Santa Clara, município de Namacunde, província do Cunene, em cerimónia testemunhada pelas autoridades do Governo dos dois países.
Inicialmente, o Governo havia anunciado a reabertura gradual da fronteira para esta terça-feira, mas o acto só se efectivou esta quarta-feira, por razões de ordem técnica. As populações que aguardavam com grande expectativa pela reabertura da fronteira marcaram presença e começaram a circular, atravessando a abertura do portão que divide os dois países, à procura de diversos serviços com destaque para saúde e bens da primeira necessidade.
O vice-governador para o Sector Social e Económico, Apolo Ndinoulenga, que presidiu ao acto da abertura da fronteira, disse que a população dos dois países saem a ganhar, tendo em conta à demanda nas trocas comerciais. Destacou o facto de os angolanos procurarem muito pelos serviços de saúde e educação naquele país vizinho. "A circulação na fronteira foi interrompida há cerca de dois anos, por força da Covid-19, o que obrigava as populações a optarem por caminhos clandestinos para transpor a fronteira, à procura de vários serviços na Namíbia”, referiu.
O vice-governador disse ser, agora, necessário cumprir rigorosamente todas as medidas impostas pelo Decreto Presidencial sobre a Situação de Calamidade para transpor a fronteira entre os dois países. Lembrou que a travessia passa pela apresentação do certificado de vacinação e de teste negativo da Covid-19, com validade de até 72 horas, além do uso da máscara facial.
Apolo Ndinoulenga disse ser necessário impor determinadas regras para que haja disciplina e o comportamento de alguns cidadãos não venha a prejudicar aquilo que os dois governos pretendem para os dois povos. Garantiu terem sido criadas as condições para a testagem aos cidadãos que pretendem viajar para o exterior do país, visando reduzir a propagação de casos da Covid-19. Por seu turno, o go-vernador da região de Ohan-gwena, Norte da Namíbia, Walde Ndevashiva, garantiu terem sido mobilizados meios técnicos e humanos para um movimento migratório que não proporcione o alastramento da pandemia.
Considerou a reabertura da fronteira uma oportunidade para os dois países voltarem a intensificar as trocas comerciais e a livre circulação de pessoas e bens. "A reabertura da fronteira vai aliviar o sofrimento da população que busca diariamente diversos serviços nos dois lados”, disse. Ontem, foi reaberta a fronteira de Santa Clara/Oshikango e nos próximos dias serão reabertos outros postos fronteiriços na zona Sul de Angola e Norte da Namíbia. Angola e Namíbia partilham uma fronteira de 460 quilómetros, sendo 340 terrestres e 120 fluviais.