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PR CONVIDA INVESTIDORES PRIVADOS A APOSTAREM NA INDÚSTRIA DO CURTUME

  18 Feb 2022

PR CONVIDA INVESTIDORES PRIVADOS A APOSTAREM NA INDÚSTRIA DO CURTUME

O Presidente da República, João Lourenço, lançou, esta quinta-feira, um repto aos investidores privados nacionais e estrangeiros a apostarem na indústria do curtume, no país, como forma de se dar um aproveitamento integral do gado usado na indústria de transformação alimentar.

O Chefe de Estado lançou o apelo depois de inaugurar a fábrica de transformação de carne em enchidos Quintas dos Jugais Angola, na Zona Económica Especial (ZEE), em Viana, Luanda.

"Já começámos a fazer o aproveitamento das carnes, mas precisamos de fazer, também - e é algo que se impõe -, o aproveitamento integral das peles dos animais, nomeadamente do bovino e do caprino. Portanto, fica o desafio para os investidores privados", realçou.

O Presidente da República, que se fez acompanhar de membros do Executivo, ressaltou que as indústrias de transformação a operar no país estão a dedicar, so-bretudo, mais atenção ao aproveitamento das carnes das diferentes espécies de gado, desperdiçando, deste modo, a totalidade das peles desses mesmos animais que é muito "mau até para o próprio ambiente".

"Dentro do gado deve-se aproveitar tudo, mas absolutamente tudo. Não deve haver desperdício. As peles têm muita importância", alertou o Presidente, para quem é muito mau atirá-las para a terra.

Curtume, também conhecido como alcaçaria, é o acto que consiste no processamento do couro cru, deixando-o utilizável para a indústria e o atacado. Em relação à fábrica Quintas dos Jugais Angola, o Presidente esclareceu que aceitou o convite para inaugurá-la como forma de incentivar a produção nacional e os investidores privados, quer nacionais, quer estrangeiros. "A transformação dos alimentos é algo que nos está a faltar desde há um tempo", frisou.

Disse que o que era produzido no campo não encontrava a devida correspondência na área industrial, para a transformação e processamento de empacotamento, de modo a chegar às prateleiras das grandes superfícies e à mesa do consumidor em boas condições de higiene. Gado do Tchad volta ao país

Na ocasião, o Presidente da República fez saber que o processo de recepção do gado do Tchad vai retomar, mas em melhores condições, para se evitar o incidente registado no primeiro lote, em que se registaram a morte de muitas cabeças, algumas durante o processo de transportação e outras nas fazendas de destino. "Estamos proibidos de deixar que aquela desgraça se repita", destacou.

Em relação às mortes dos gados, o Presidente esclareceu que as causas nada têm a ver com a falta de adaptação ao clima e ao terreno.

"Não me pareça que essa seja a razão, até porque o gado é africano. Talvez os que recepcionaram esse mesmo gado é que não estavam suficientemente preparados, naquela altura, para receber o gado", acentuou, tendo acrescentado que o país já chegou a receber animais vivos vindos do Brasil e de outros continentes que sobreviveram.

Ressaltou que o gado africano tem muito maior probabilidade de sobreviver em Angola, uma vez tratar-se de um país africano. O Presidente referiu que o gado é que nem o hóspede de hotel, que gosta de encontrar boas condições de comodidade. "Com o gado é a mesma coisa. O gado tem que encontrar pasto e água. Se não encontrar essas condições, que só dependem do homem, obviamente que o resultado é mau, será aquele que todos nós já conhecemos", frisou.

O gado importado do Tchad é parte do Programa de Desenvolvimento Agropecuário do Planalto de Ca-mabatela, que compreende as zonas convergentes das províncias do Cuanza-Norte (municípios de Ambaca e Samba Caju) e Uíge (municípios de Negage, Puri, Uíge, Alto Cawale, Cangola, Damba, Bungo e Mucaba).

O programa converte cem milhões de dólares de uma dívida tchadiana a Angola, no fornecimento faseado de 75 mil bovinos (75 por cento de novilhas e 25 por cento de novilhos), com idades entre dois e três anos. Repovoamento pecuário.

 O Presidente da República defendeu, igualmente, a necessidade do repovoamento pecuário nacional, especificamente o gado bovino. Lembrou que o Planalto de Camabatela já teve muito gado, tendo sido um dos planaltos que abastecia, sobretudo, a província de Luanda.

"E as mesmas condições estão lá. O clima não mudou. O que deve ser feito é o homem que tem que fazer. Portanto, a decisão de que precisamos de repovoar o nosso país existe", salientou.

João Lourenço disse que o país está há 46 anos a importar carne, quando dispõe de condições muito boas para ser auto-suficiente na produção, particularmente da bovina. "Já importamos do Brasil, da Argentina, do Botswana e de outros países. Portanto, vamos continuar a trabalhar, no sentido de repovoar o nosso país com gado, não contando apenas, obviamente, com este gado do Tchad", concluiu.

Empresa com histórico de sucesso

O director-geral da Quinta de Jugais Angola, Paulo Rocha, afirmou que a empresa é detentora de uma história de sucesso, privilegiando a qualidade e a excelência, quer dos seus produtos, quer dos serviços. Disse que o objectivo principal da fábrica é apresentar uma selecção de produtos que se distingam "pelo sabor único e qualidade excepcional".

"Angola é um país com enorme potencial e, enquanto empresa angolana, o nosso papel passa por criar um negócio que permita dinamizar o país e apostar na produção nacional", frisou.

Paulo Rocha destacou que investiu em Angola, por ter as condições necessárias para a criação e lançamento de produtos de qualidade igual ou superior ao que é feito internacionalmente, prometendo aos clientes uma gama tradicional de chouriços, fiambres, mortadelas afiambrados e outros enlatados.

Dada a necessidade de se avançar com o projecto, ressaltou, numa primeira fase, a matéria-prima foi importada, mas a estratégia é encontrar parceiros locais para substituir a importação pela produção nacional. A unidade fabril foi concluída em Setembro de 2021, erguida em 8 mil metros quadrados e orçada em 25 milhões de dólares. Equipada com tecnologia moderna, a Quinta de Jugais Angola dispõe de uma capacidade de produção de 800 toneladas por mês.

País conta com oito unidades de processamento

O ministro da Indústria e Comércio, Victor Fernandes, disse, na ocasião, que, com a inauguração da Quinta de Jugais Angola, o país passa a dispor, agora, de oito unidades industriais ligadas ao sub-sector de transformação de carne, sendo cinco instaladas, em Luanda, uma no Cuanza-Sul, outra na Huíla e igual nú-mero em Cabinda. "Sem contar com outras tantas pequenas iniciativas de carácter mais doméstico", salientou.

Victor Fernandes anunciou que o conjunto das oito indústrias, no país, produzem 19 mil 884 toneladas de capacidade instalada, por ano, criando 418 postos de trabalho, contando já com 143 empregos directos proporcionados pela fábrica ontem inaugurada.

O ministro referiu que o país importou, de 2019 a 2021, 143 mil 910 toneladas de transformados de carne, equivalente a 220 milhões de dólares, acreditando que o fomento deste sector primário vai impulsionar a redução das importações, quer de matéria-prima, quer de produtos acabados, e, consequentemente, o aumento das exportações.

Acrescentou que, no âmbito da diversificação económica e da materialização de políticas e estratégias para alcançar a auto-suficiência alimentar e a promoção das exportações dos produtos feitos em Angola, o Executivo está empenhado no fomento da produção interna, particularmente a industrial, engajando distintos actores para a capacitação, promoção e criação de incentivos aos sectores primários, para o fornecimento de matéria-prima às unidades industriais que se vão instalando em todo o país.

"O Executivo angolano tem a pecuária como sendo um sub-sector chave para a subsistência, segurança alimentar e nutricional da nossa população", assegurou.

تشاندينهو