Crianças com problemas de aplasia medular, doença que provoca a diminuição da produção das células sanguíneas, podem, até ao final deste ano, ser submetidas a transplantes na medula óssea, no país, com a inauguração, hoje, do Instituto Hematológico Pediátrico Dra.Victória do Espírito Santo.
O director-geral do Hospital Pediátrico David Bernardino, Francisco Domingos, explicou que o processo do transplante da medula óssea, numa fase inicial, vai contar com o apoio de técnicos estrangeiros, que vão dar todo o suporte de formação aos profissionais nacionais, para estes, futuramente, darem continuidade ao referido procedimento.
O médico avançou que o atendimento na instituição sanitária vai ser feito por regime referenciado, mas os doentes em consulta que apresentarem alguma complicação terão a oportunidade de receber o devido tratamento.
"Em caso de internamento, estes pacientes serão encaminhados para o Hospital David Bernardino ou ao Instituto de Controlo do Câncer”, avançou o médico Francisco Domingos.
Sobre a causa da alteração imunológica, estudos referem que é, geralmente desconhecida mas, em alguns casos está relacionada com determinadas infecções, contacto prolongado com produtos químicos, como alguns solventes e pesticidas, medicamentos, e, em casos raros, pode surgir durante a gravidez.
O director do Hospital Pediátrico de Luanda explicou que a nova unidade de atendimento, localizada no Distrito Urbano da Maianga, surge no quadro dos esforços do Executivo para melhorar o atendimento aos pacientes do fórum hematológico, por meio de um diagnóstico bem elaborado, tratamento qualificado e reduzir ao máximo a deslocação dos doentes ao exterior do país.
O médico esclareceu que as doenças hematológicas são aquelas que comprometem a produção de elemento do sangue ou o funcionamento destes componentes, entre os quais as hemácias (glóbulos vermelhos), leucócitos (glóbulos brancos) e plaquetas, todos eles fabricados na medula óssea.
Francisco Domingos avançou que a nível do país as doenças hematológicas mais predominantes são, entre outras, a anemia falciforme, hemofilia e o transtorno das plaquetas.
Quanto às obras do Instituto Hematológico Pediátrico Dra.Victória do Espírito Santo, terminadas este ano, o responsável salientou que os trabalhos tiveram início, em 2017.
O edifício que alberga o Instituto Hematológico Pediátrico Dra. Victória do Espírito Santo tem sete andares, consultórios, salas de observação e tratamento, laboratório geral e de investigação, está equipado com aparelhos de última geração (da marca Siemens), com destaque para a realização de Raio X e TAC (tomografia axial computarizada).
Além disso, o instituto clínico dispõe de dois blocos operatórios, unidade de cuidados intensivos, três salas de pré-transplante e quatro para a realização dos transplantes, assim como uma morgue, área para autópsia e outra de hemoterapia.
O estabelecimento que funciona junto do Hospital Pediátrico de Luanda, conta, igualmente, com uma biblioteca, armazém de medicamentos, área administrativa e pedagógica, serviços que vão ser assegurados por um total de 100 técnicos. Porém, a unidade precisa de 500 profissionais para os serviços de consultas, diagnósticos e de tratamento em regime de observação.