Angola e os Emirados Árabes Unidos podem, em breve, passar a ter ligações aéreas diárias para dar respostas ao número crescente de deslocações empresariais nos dois sentidos.
O projecto foi anunciado, esta quinta-feira, no Dubai, pelo embaixador de Angola nos Emirados Árabes Unidos, Albino Malungo, quando discursava na abertura de um fórum sobre o potencial do país na atracção de investidores, realizado à margem da Annual Investment Meetings (AIM), no Dubai Axhibition Centre.
O embaixador disse que, até ao momento, as ligações entre os dois países são garantidas pela companhia Emirates, que, com quatro voos semanais, liga Luanda ao emirado do Dubai.
A intenção é avançar para ligações directas entre as duas capitais, designadamente Luanda e Abu Dhabi, o que deverá acontecer em breve, com a entrada da companhia Etihad Airways.
"É importante referir que a existência de uma ligação aérea entre o Dubai e Luanda, com quatro voos semanais da Emirates e com perspectivas de aumento de frequência num futuro próximo, facilita as deslocações de delegações empresariais”, afirma.
Áreas de eleição
O embaixador disse também que, neste momento, existem várias oportunidades de investimento em Angola e em diferentes sectores. Destacou sete áreas como sendo de eleição, apontando os sectores Agrícola, onde as oportunidades têm em conta que Angola possui grandes extensões de terra arável e abundantes recursos hídricos.
Conta-se o sector da Energia e Águas, onde despontam projectos relacionados com a produção de electricidade e distribuição de água, nomeadamente o projecto Kilonga, que visa o abastecimento de água à região Nordeste de Luanda,
No domínio dos Recursos Minerais, Petróleo e Gás destaca-se o segmento diamantífero, (com operações de extracção, lapidação e comercialização) e o de petróleo (com vários blocos disponíveis para exploração).
Na Indústria e Comércio, é referida a construção dos parque industriais de Viana, da Catumbela, da Caála e do Porto Amboim), enquanto nos Transportes é apontada a construção da ligação ferroviária entre Malanje, Saurimo e Luena, interligando os caminhos-de-ferro de Luanda e Benguela, além da reabilitação da estação ferroviária Zenza-Cacuso.
O domínio das infra-estruturas contra-se a reabilitação de várias estradas nacionais e, no da Saúde, a construção de hospitais e centros de saúde.
Na Reunião Anual de Investimentos (AIM, na sigla em inglês), iniciativa da Dubai Chambers, dos Emirados Árabes Unidos, o embaixador Albino Malungo anunciou que as reformas políticas e socioeconómicas levadas a cabo pelo Executivo demonstram a determinação do país em estabelecer as bases para a adopção de uma economia de mercado dinâmica, eficiente e inclusiva, como pilares para a prosperidade e o bem-estar de todos os angolanos.
Na ocasião, referiu que, com a assinatura do acordo de paz do dia 4 de Abril de 2002, e que este ano completa 20 anos, Angola deu salto qualitativo nas questões da construção de um Estado de Direito e Democrático, com maior estabilidade política e social, as quais propiciam o desenvolvimento económico sustentável ao país.
Angola já tem alguns projectos de sucesso resultantes de parcerias entre entidades locais e dos Emirados Árabes Unidos, com destaque a criação de fábricas de montagem de tractores, de telemóveis e também comercialização de diamantes, de que resultou investimentos de cerca de 1,2 mil milhões de dólares no ano passado.
Promoção nacional
A Agência de Investimento Privado e Promoção das Exportações (AIPEX) disse, no fórum, que a atracção de investimento é um processo que envolve a necessidade de ser consistentes. Nesse sentido, acrescentou, a participação de Angola no Encontro Anual de Investimento, e com empresas públicas como Catoca, Porto de Luanda, além de outras privadas, é sinal claro de que o país está aberto ao investimento.
Para o presidente do Conselho de Administração da AIPEX, António Henriques da Silva, por mais que o país atraia milhares de empresas com investimento privado de mil, dois ou três mil milhões de dólares, o valor sempre será inferior, caso se tenha em conta as necessidades, dimensão e o potencial que Angola tem disponível. Esta é também a razão pela qual o país aspira por investimentos de maior relevância, capazes de impactar positivamente a economia nacional.
Para o PCA da AIPEX, o facto de Angola posicionar-se numa zona de acesso ao mar tal deve ser visto operacionalmente como enorme vantagem ante países africanos encravados (sem acesso ao mar), casos da Zâmbia e Zimbabwe.
Além das reformas económicas em curso, António Henriques da Silva abordou também o facto de as reformas legislativas oferecerem aos investidores vários incentivos, que passam além da facilidade de repatriar dividendos e a redução da carga fiscal, dependendo de onde esteja a ser implementado o negócio.
O facto de a população angolana ser maioritariamente jovem e com média de idade à volta dos 25 anos, disse, deve animar a aposta em empresas inovadoras e tecnológicas, na geração de emprego de qualidade e na afirmação das pequenas e médias empresas nacionais.