Angola vendeu, pela primeira vez, dívida pública emitida em Kwanza a um investidor estrangeiro, que comprou 4,5 mil milhões de kwanzas, equivalentes a 9,1 milhões de euros, numa operação mediada pelo Standard Bank Angola.
"A entrada de um não residente representa a confiança deste no mercado local e nas reformas que têm sido feitas a nível da economia e do sistema financeiro, com o país a receber financiamento estrangeiro com recurso à emissão de dívida em moeda nacional”, disse à Lusa uma fonte oficial do Standard Bank Angola.
A fonte referiu que a referida operação fomenta a liquidez no mercado de capitais e cambial e o alargamento da base de investidores no mercado de valores mobiliários, o que é particularmente importante, face à proximidade da emissão de dívida pública em moeda estrangeira (Eurobond), prevista para os próximos dias, num valor de até três mil milhões de dólares.
Até à presente data, a dívida pública emitida no mercado local tem sido adquirida por investidores nacionais, já que, acrescentou a fonte oficial do Standard Bank Angola, se trata de "Obrigações do Tesouro não Reajustáveis (OTNR), com uma maturidade de 6 anos”.
Esta operação de dívida pública emitida localmente está normalmente reservada para os bancos locais, que compram para aquisição de títulos para a sua carteira própria ou submetem propostas de compra em nome dos clientes, que foi o que aconteceu nesse caso. "O Standard Bank Angola submeteu uma proposta de compra de títulos no mercado primário em nome do seu cliente não residente”, disse a mesma fonte.
Questionado sobre quem é o investidor estrangeiro que comprou dívida pública angolana em Kwanza, o Standard Bank prefere o anonimato, assim como não confirmou possíveis especulações em torno do CBCI chinês, uma filial londrina detida pelo Banco de Comércio e Indústria da China.
A informação da compra de dívida pública em Kwanza por um investidor estrangeiro, pela primeira vez, surge nas vésperas da primeira emissão de Eurobond por Angola, desde o final de 2019, prevista para os próximos dias, num valor que pode ir até 3 mil milhões de dólares.
Ainda nesta primeira quinzena de Abril, Angola deve recomprar até 750 milhões de dólares de dívida já emitida, procurando capitalizar o bom momento económico que vive, com a saída da recessão em 2021 e a melhoria do "rating” por parte das agências de notação financeira.