A consultora Fitch Solutions melhorou a previsão de crescimento da economia angolana para 3,8 por cento este ano, numa nota enviada, quinta-feira, aos investidores, em números mais optimistas que a projecção orçamental de 2,4 por cento adoptada pelo Governo.
A companhia, detida pelos mesmo donos da agência de notação financeira Fitch Ratings, atribui a revisão em alta da taxa de crescimento de 2022 aos preços mais altos do petróleo e à melhoria das condições económicas depois de cinco anos de recessão.
"Prevemos que o PIB real de Angola vá acelerar de uns estimados 0,6 por cento em 2021 para 3,8 por cento em 2022, acima da previsão de consenso dos analistas da Bloomberg, que aponta para 2,2 por cento em 2022” e melhor que a previsão de Janeiro da consultora, que previa uma expansão de 2,7 por cento, lê-se numa nota.
Na revisão da previsão, escrevem que "o preço do petróleo vai subir de uma média de 71 dólares por barril, em 2021, para 100 dólares este ano, o que será um incentivo para as empresas aumentarem a produção petrolífera, que deverá crescer 3,5 por cento este ano”.
Como o petróleo representa 85,4 por cento das exportações angolanas, a subida de preço será positiva para as contas públicas, que também serão ajudadas "pelo fortalecimento do kwanza num contexto de melhoria das condições comerciais e de redução da inflação de 25,7 por cento em 2021 para 20 por cento este ano”.
Isto, concluem, "vai abrandar a pressão sobre o poder de compra dos consumidores e apoiar uma recuperação na procura interna depois de cinco anos consecutivos de recessão”.
No Orçamento Geral do Estado para este ano, aprovado em Dezembro, o Governo prevê uma expansão do Produto Interno Bruto (PIB) de 2,4 por cento, explicada pelas perspectivas de expansão do PIB não petrolífero e do PIB petrolífero de 3,1 e 1,6 por cento, respectivamente.
Mas, já em Janeiro, o director do Departamento Africano do Fundo Monetário Internacional (FMI, Abebe Aemro Selassie, anunciou uma revisão em alta da previsão de crescimento económico que a instituição estabelece para Angola este ano, elevando-a para 3,0 por cento.
O responsável do FMI atribuiu a projecção às reformas encetadas pelo Governo: "finalmente, estamos a ver uma expansão económica. É muito, muito importante e encorajador, porque é um reflexo das medidas que o Governo tomou para reformar o país e controlar os desequilíbrios macroeconómicos”, disse.
Há uma semana, o Banco Mundial (BM) manteve as perspectivas de crescimento económico de Angola de 2,7 por cento este ano de 2022, novamente acima das previsões do Governo.
O BM concordou, no Pulse Africa’s, uma publicação bianual consagrada às perspectivas macroeconómicas regionais, que a expansão deste ano ocorre sob a influência do aumento dos preços do petróleo e o bom desempenho no sector não petrolífero.
Influência das reformas
Globalmente, as reformas macroeconómicas de Angola já estão a produzir alguns resultados positivos na medida em que a actividade económica não-petrolífera expandiu antes e depois do choque da Covid-19, como indicado pelo crescimento de 41 por cento nas exportações não-petrolíferas em 2021”.
Em divulgações anteriores relativas às expectativas para 2022, o BM também assinala, como factor impulsionador do crescimento, "os contínuos esforços governamentais para diversificar a economia do sector não-petrolífero”.
Além disso, "nos últimos anos, a estabilidade macroeconómica tem sido salvaguardada através de um regime cambial mais flexível, política monetária adequada, prudência fiscal e reescalonamento da dívida com os principais credores bilaterais”.
As principais reformas realizadas desde 2017 incluem a Lei de Prevenção e Combate ao Branqueamento de Capitais, a Lei de Responsabilidade Fiscal e a Lei das Privatizações. A regulamentação financeira foi reforçada com a aprovação de uma nova Lei das Instituições Financeiras em Maio de 2021 que reforça os poderes de resolução do Banco Nacional de Angola e inclui requisitos de governação empresarial melhorados. A lei orgânica do BNA foi alterada em 2021 para reforçar a sua autonomia. Além disso, foi criado um balcão único para os investidores para melhorar o clima empresarial.